segunda-feira, 6 de junho de 2011


Se você voltasse na linha do tempo da sua vida e tivesse o poder de alterá-la, o que você mudaria?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

CRESCENDO E TENTANDO ACERTAR


Por incontáveis vezes, eu me propunha a falar de mim, de minha vida, de meus medos, de minhas metas... Eu acreditava que dessa forma, eu conseguiria entender o porquê da minha incansável busca do NADA que, na verdade, eu acho que é meu TUDO.
Realmente devo ser louca. Mas louca assim eu nasci... e continuei crescendo.
Por muito tempo permaneci naquela cidadezinha, onde todos se conheciam, ou melhor, nos conheciam. Vivi momentos intensos e importantes da minha vida. Realmente marcantes.
Relembro hoje, com saudade, do primeiro namorado... da brincadeira do Pera, Uva ou Maçã... das festas que eu não participei... das férias com a casa cheia... das bebedeiras... do campo de vôlei perto da igreja onde, todas as tardes, exercitava o meu lado atleta de ser... dos treinos e ensaios na escola... dos tombos de bicicleta... das brigas com os irmãos... das surras merecidas e as não-merecidas... das amizades.
Enfim todas essas situações que aconteceram e passaram estarão sempre presentes, mesmo que na minha memória. E, tenho uma memória de elefante!!! E sonhos coloridos!!! Literalmente, meus sonhos são coloridos e minha mãe sempre ficou intrigada com os detalhes, de forma e cores, com que descrevo os sonhos que tenho durante o sono.
Voltando ao meu crescer... Às minhas pequenas intensas lembranças... A partir de então, já não era mais a menininha dengosa e chorona. E sim a "pestinha". Minha mãe sempre diz que depois dos sete anos, virei uma peste! Por que será? Melhor não tentar explicar. Talvez eu me perderia em meus devaneios.
Com o meu crescer, surgiram as R-E-S-P-O-N-S-A-B-I-L-I-D-A-D-E-S. E mesmo tendo que me adaptar a elas, de uma hora pra outra, eu desempenhava bem o meu papel de pessoa responsável. Trabalhava e estudava. Sempre fui passional e determinada. Se eu queria uma coisa, eu conseguia. E hoje em dia, a história não é diferente. Engraçado, pensando hoje sobre isso, e relembrando o perfil da artista que sou, percebo quanto da minha essência mantenho. O quanto nunca deixei de ser EU. Mesmo que em determinado momento eu tenha me envolvido, de corpo e alma, com várias situações tentando mostrar para os outros, o quanto EU era capaz. Mesmo assim, não consigo ainda trabalhar com críticas. Acho que ninguém gosta de ser criticado... por ninguém.
Com isso, fui me tornando perfeccionista. O que em partes foi bom... E em partes uma droga! Exigia sempre muito de mim. E quando não atingia o resultado que esperava, me chateava. E por que essa vontade enorme de querer acertar? Não falam, por aí, que é com os erros que a gente aprende? Errar... Sofrer... Dizem que o sofrimento é a lapidação do espírito. Nem sei se é o fato de sofrer ou não e, sim, de ser feliz. Eis aí uma questão que eu, particularmente acho difícil: o que é ser feliz?
SER FELIZ É ALMEJAR APENAS AQUILO QUE A VIDA NOS OFERECE.
Se eu pensar na frase que um dia escutei de um grande amigo. Ah... como fui e sou feliz. Pois a vida já me ofereceu tanto!!! Tenho filhos MA-RA-VI-LHO-SOS (há um tempo eu não escreveria dessa forma), um emprego legal, um salário invejado, uma casa, que mesmo não sendo minha é perfeita, saúde, disposição, vontade, garra... Agora tenho anjos também... Anjos lindos e que me aceitam, assim como sou!
Pra que mais? Mesmo com todas essas evidências, ainda me questiono: o que é ser feliz? Será que quando somos criança, com coração puro, é mais fácil entender isso? Pois depois de crescermos (um pouco), não nos preocupamos em manter o espírito puro ou a pureza do espírito (isso é a mesma coisa?)
Ser feliz é ter amor e prazer nas grandes pequenas coisas que fazemos? E fazer tudo por/com amor?
Será que é viver intensamente todos os mínutos e não um dia especial? (acredito que todos os dias são especiais, mesmo quando acontecem coisas que você não previa) É arriscar sempre, pois estando vivos, poderemos aprender ainda muito mais? É acreditar que somos eficientes e capazes? Acredito que felicidade está mais relacionado com um ESTADO DE ESPÍRITO. Um estado de tranquilidade. Se estou bem comigo, transmito esse estado pra mim, e pros outros. Eu sou feliz... e nem sabia disso!!! Tenho meus momentos de euforia... de alegria intensa e, por via de regra, expansiva. Alegria é felicidade? Ser ou estar feliz... Eis a questão!

E AOS POUCOS FUI CRESCENDO...


A gente cresce, e talvez a gente deixe de lado a nossa essência. Penso isso quando me pergunto: será que sempre fui assim? Será que em determinado momento da vida, eu deixei de ser EU mesma?
Mas, crescer não é tão ruim assim quando se é artista. Não que eu trabalhe com artes plásticas. Quando falo de ser artista, me refiro aos Tipos Psicológicos definidos por Carl Jung. Como artista, o mundo torna-se, na sua totalidade, o meu palco. E é nele que represento meu ensaio inacabado.
Lembro que aos poucos fui "vivendo"... Recordo, com saudades, as primeiras amigas, os tombos de bicicleta, a mãe brava, as surras, as muitas vezes que escutei "chora com vontade", meu primeiro amor "platônico", meus passeios de garelli, a casa cheia nas férias, meu primeiro namorado, meu primeiro beijo, minha primeira vez...
Nossas vizinhas faziam doces fantásticos. Ainda hoje me lembro do doce de leite em quadradinho, dos biscoitos crocantes que faziam barulho quando eram mastigados e dos tachos enormes de doce de goiaba e de banaba, que nós, deliciosamente, rapávamos os tachos e lambíamos os dedos.
Na escola, tinha sempre uma menina que me chantageava. E por medo de apanhar, eu entregava sempre meus lanches pra ela. Nessa cidadezinha, tínhamos um pouco mais de liberdade para brincar. Podíamos andar de bicicleta na rua e até no cavalo do leiteiro, o Sr. Arlindo! Mesmo assim, minha mãe ainda cheia de neuras com coisas da "cidade grande", ficava sempre por perto para saber: onde e com quem estávamos e, o que fazíamos. Hoje sei que o receio maior dela era de sermos raptados por alguém.
Dessa época, tenho muitas lembranças... Boas e ruins, na minha percepção. Mas relembrando hoje várias dessas situações, dou boas risadas.
Da brincadeira do pera-uva-maçã...
Quanta coisa já passou... Também pudera, mais de quarenta anos de existência. Estou ficando "fisiologicamente" velha. Até porque muitas vezes me pego pensando como uma adolescente: cheia de dúvidas e de vontades. Retrospectivas... detesto! Pois na maioria das vezes os fatos mais marcantes são aqueles que me deixam de alguma forma triste. Já parou pra pensar? Normalmente não damos enfoque ao que foi bom. Não insistimos em relembrar as coisas boas! Um dia vou descobrir o porquê de o foco ser sempre situações que não são muito agradáveis.
E continuo crescendo...

ERA UMA VEZ...


Sim, como toda história, essa não poderia ser diferente. E então...
Nasci!
Nasci em São Paulo, Capital, na manhã de 27 de setembro de 1967, na Maternidade Leão XIII. Sou a segunda dos três filhos dos meus pais, de quem tenho profundo orgulho. Meu pai trabalhava como operário na Mercedes Benz e apesar do pequeno grau de instrução, o considero uma pessoa culta e multidisciplinar. Sempre recorríamos a ele nas dúvidas em trigonometria, matemática, desenho, física, química, entre outras. Minha mãe, durante toda a sua vida, cumpriu a difícil tarefa de ser dona de casa e mãe, em tempo integral, e educou três filhos. Sempre foi disciplinadora de nossas vidas, sabendo incentivar com ternura e firmeza, com confiança e certeza nossos projetos.
Nada me lembro do que aconteceu no dia. Se, fazia frio ou calor. Se, chovia ou ventava. Acredito que seja normal, considerando que eu tinha acabado de nascer. Pra ser sincera, muito pouco eu sei sobre o dia e as circunstâncias. Engraçado... Eu nunca havia parado para pensar sobre isso. A única coisa que sei, contada por minha mãe e minha madrinha, é que eu simplesmente "escorreguei" do ventre da minha mãe. Pressa de nascer? Por que tanta pressa assim? Dizem que nada é por acaso.
Vivi uma infância relativamente tranquila. Como toda criança, ou quase toda, estudava, brincava, brigava... Poucos episódios me marcaram durante esse tempo ao ponto de eu me lembrar. Algumas brigas, com minhas primas... Surras da minha mãe... Algumas festas... Alguns encontros de família. A normalidade me dá hoje uma sensação de que eu me considerava uma pessoa feliz.
Estranho... Eu não tenho muito que falar da minha infância. Será que isso é devido ao fato de tê-la vivido plenamente? Será que ter esquecido a maioria dos acontecimentos poderia estar relacionado ao fato de eu realmente não querer, inconscientemente, lembrar de algo ou alguma coisa?
Lembro de ser muito chorona. E tinha uma "vacina": não era preciso nem me tocar, o simples fato de olhar já me fazia derreter em um choro de antecipação da dor.
Lembro também que eu A-D-O-R-A-V-A aprender e estudar. Desde cedo tive muito gosto pelos estudos, e também o incentivo de meus pais. Antes mesmo de iniciar minhas atividades primárias em uma escola Municipal de São Paulo, já sabia ler e escrever. E minha mãe, quando eu tinha 6 anos de idade me deu a opção de ir pra escola em troca da chupeta que eu adorava tanto. Puxando a memória, começo a lembrar de algumas situações. Como ficar debruçada no berço do meu irmão caçula chupando um pouquinho a chupeta dele.
Lembro vagamente do pátio da escola onde iniciei minha vida acadêmica. Do arroz doce que me obrigaram a experimentar. Do dia em que a minha prima, hoje meu Anjo, foi fazer um teste na mesma escola e mesma sala que eu frequentava. E não lembro porque cargas d'água, ela se desesperou e começamos as duas a chorar. De chegar em casa, fazer os deveres e ainda brincar de escolinha. Não me lembro de amigos que tive nessa época. Minha vida social era restrita aos avós, tios, primos e irmãos.
Lembro, também, de uma porta que ficava na divisa do terreno da minha avó e da minha tia, por onde ela de vez em quando me sequestrava e me enchia de dengo. E como eu gostava.
Não me lembro de receber carinho dos meus pais... Mas lembro dos passeios ao campinho na Estrada das Lágrimas, onde soltávamos pipa, andávamos de bicicleta e jogávamos bola.
As coisas começaram a ficar mais marcantes pra mim, quando meu pai recebeu uma proposta de trabalho em uma cidadezinha do interior. E assim, partimos para um lugar totalmente desconhecido bem distante de tudo e de todos. No início, morávamos em um quarto na casa de uma família. Não lembro quanto tempo ficamos lá, para mim pareceu ser muito tempo. Depois disso, fomos morar numa casinha, que tinha um quintal grande, um tanque na frente, sem forro, alguns morcegos, um banheiro fora da casa e roseiras lindas que minha mãe sempre podava em determinada época do ano. Não me recordo das despedidas, se é que elas aconteceram. Não me lembro da viagem para o novo destino. Não me lembro da chegada. A sensação que tenho é de um vácuo enorme nesse tempo, como se minhas lembranças tivessem sido congeladas. Talvez, simplesmente eu era ainda muito nova para temer o desconhecido.

Minhas (IN)ternas

Aos 43 anos de idade, tanto de mim ainda me é estranho. Quanto ainda busco por respostas. Quanto ainda é obscuro. Procuro viver, sem dar importância a essa parte de mim que ainda é desconhecida e que me alfineta a todo instante. Mas quando percebo, continuo buscando resposta para esta parte que ainda não me foi revelada. Talvez essa parte ainda surgirá, em tempo e hora apropriada. Ou, ainda, continuara obscura até o fim desta minha existência, na condição de ser humano carnal.
Por várias vezes tentei escrever a minha vida. A minha história. Tentei relembrar detalhes de alguns acontecimentos marcantes. E, ainda não descobri por qual motivo, sempre paro em algum ponto, em algum detalhe. E esqueço. Ou me faço esquecer. Talvez por inspiração de Martha Medeiros, resolvi começar a escrever, novamente, a minha história, sob um ângulo diferente: o de mera observadora. Penso que estou sendo hipócrita pensando assim: acredito que nunca vou ser somente uma observadora, ainda mais quando os fatos fazem parte de mim. Do meu estado de ser atual. Da minha essência. Das minhas crenças e valores.
Relendo alguns apontamentos de momentos vividos, percebo que hoje tenho ampliado um vocabulário que há bem pouco tempo não me seria peculiar. No desespero de me encontrar, me permiti realizar alguns cursos que ampliaram os meus recursos para trabalhar com estas dúvidas que ainda me rondam. Se estes novos recursos me fazem bem, ainda não posso dizer; pois a partir deles, é que minha necessidade de respostas aumentaram e, junto com esta necessidade, algumas culpas surgiram.
Começos são difíceis. Ainda mais quando se percebe o quanto já foi vivido, o quanto já foi construído, o quanto foi adiado, o quanto foi sonhado... Então penso: por onde começar? Talvez o mais apropriado seja começar pelo início.