terça-feira, 4 de novembro de 2014

sentir o sentido sentimento

Sentidos


não tem que ter sentido
sentido por mim está
e nessas de sentir o que está sentido
vou seguindo
sendo
sentindo
vivendo
aprendendo
o verdadeiro sentido



só saudade

Tem horas que dá uma gastura em lembrar do ruído
Da casa cheia.
Saudades da algazarra...
Do barulho
Das brigas sem sentido.
Ciclos, etapas.
O bater de asas...
Missão cumprida? Comprida...
Silêncio
Saudade danada.
Até dos momentos de adágios e dos andantes, largos e lentos.
Desajeito...
Silencio nascendo dos ritmos.
Do ventre
Do ser.
Acorde brotando de pausas

domingo, 29 de junho de 2014

Falando pelo coração









Quando se esgotaram 
todos os meios de falar com palavras, 
o coração fala através das lágrimas
como a última alternativa 
de tentar ser ouvido. 
Nenhuma lágrima será em vão 
ela carrega a história de uma vida, 
uma alegria, 
ou uma decepção.

(Por Celso Prata)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

(DES)ABAFO


Na casa fria, na cama triste, (des)abafo minha dor.
Grita a alma que está agora liberta na solidão.
A única coisa quente hoje
São as lágrimas. Grossas.
Estou só. 
Mesmo tendo pessoas ao meu lado.
Estou cheia delas 
Mas ainda continuo só.
Um vazio interior que não passa.
É difícil explicar. Sabe?
Às vezes é difícil colocar este sentimento em palavras.
Outras vezes, é impossível.
Como está sendo agora.
Se dói? 
Claro que sim.
Meu silencio grita
Meu olhar entrega
Mas ninguém precisa saber.
Então eu sorri.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Rastros



E tudo aconteceu. 
Uma história parecida com a dos cometas que, em períodos orbitais diferentes, invadem a atmosfera da terra e então ficam visíveis quando iluminados pelo Sol. No seu apogeu máximo, refletem luz e então ficam brilhantes. Lindos de se ver.  Para, em seguida, serem arremessados no espaço interestelar. 
Acredito que não viverei mais algumas centenas de anos para esperar o cometa brilhar novamente, quando for iluminado pelo sol. Meu cometa se extinguiu, possivelmente por ter impactado com outro astro ou se desintegrado em suas passagens muito próximas e frequentes do Sol. 
A explosão deu origem a diamantes microscópicos. Muitos deles foram derramados. Outros tantos estão bem guardados para sempre. 
Hoje olhei para longe. O mais longe que pude alcançar. 
Vasculhei aquele baú, cheio de muitas memórias, e vi tudo se desintegrar - parte por parte. 
Restaram fragmentos de uma trajetória. 
Apenas rastros...

terça-feira, 11 de março de 2014

SEM

Sem força
Sem vontade
Sem dinheiro
Sem vaidade
Sem pudor
Sem vergonha
Sem pretensão
Sem ilusão
Sem saco
Sem barco
Sem vela
Sem norte
Sem corte
Sem mania
Sem fronteira
Sem limite
Sem censura
Sem compromisso
Sem ódio
Sem amor
Sem disposição
Sem interposição
Sem sentidos
Sem nada
Sem nexo
Sem mim

quinta-feira, 6 de março de 2014

Vomitando o "B" a 'ba"


Sempre pensei sobre o dom da escrita. Queria tocar o coração das pessoas como Clarice Lispector. Ou conseguir atingir o grau de aforismo de Martha Medeiros... Ou, ainda, falar, de forma cômica, de sexo, de medo, de angustia, de solidão e de morte, como bem faz Caio Fernando Abreu. Ser dramática ao extremo e ao mesmo tempo tão doce e (IN)terna.
Por várias vezes tentei... e tentei.
Mas os resultados não me satisfaziam. Sempre pensei que prosa e verso serviam para demonstrar os sentimentos. Assim como acontece quando permitimos que as músicas falem por nós.
Hoje, unir letras para formar sílabas me é tão fácil... Por qual motivo me sinto tão limitada em juntar as sílabas em palavras e palavras em sentenças? Lembrei, por um instante, da cartilha Caminho Suave...

B com A, ba... B com E, be... B com I, bi... B com O, bo, B com U, bu. E assim pro c, d f, g, j, l, m, n, p, r, s, t, v, x, z...

Talvez a minha dificuldade não seja a escrita...
Mas sim colocar pra fora esse turbilhão que vive dentro de mim.
Hoje só expresso vocábulos, sem nexo, sem sentido, sem concatenação.
Métrica, ritmo e rimas já não me preocupam mais...