Sempre pensei sobre o dom da
escrita. Queria tocar o coração das pessoas como Clarice Lispector. Ou conseguir
atingir o grau de aforismo de Martha Medeiros... Ou, ainda, falar, de forma cômica, de
sexo, de medo, de angustia, de solidão e de morte, como bem faz Caio
Fernando Abreu. Ser dramática ao extremo e ao mesmo tempo tão doce e (IN)terna.
Por várias vezes tentei... e
tentei.
Mas os resultados não me satisfaziam. Sempre pensei que prosa e verso
serviam para demonstrar os sentimentos. Assim como acontece quando permitimos que as músicas falem por nós.
Hoje, unir letras para formar sílabas me é tão fácil... Por qual motivo me sinto tão limitada em juntar as sílabas em palavras e palavras em sentenças? Lembrei, por um instante, da cartilha Caminho
Suave...
B com A, ba... B com E, be... B
com I, bi... B com O, bo, B com U, bu. E assim pro c, d f, g, j, l, m, n, p, r,
s, t, v, x, z...
Talvez a minha dificuldade não
seja a escrita...
Mas sim colocar pra fora esse
turbilhão que vive dentro de mim.
Hoje só expresso vocábulos, sem nexo, sem sentido, sem concatenação.
Métrica, ritmo e rimas já não me preocupam mais...